quarta-feira, 17 de outubro de 2007

A linha da vida


Estou sentado numa linha férrea que num primeiro olhar parece uma coisa parada e inútil para a vida. Esta é a percepção de alguém que se encontra numa total distracção e que viaja nos tempos da imaginação. Não é a imaginação que nos carrega para infinitos lugares? Assim é também esta linha férrea que num vai e vem faz a vida do homem andar.
O meu país é esta linha férrea que passa a frente dos meus olhos. É daqui onde passa o milho para os meus irmãos se alimentarem. Se eu tiro esta linha-férrea também tiro a vida do meu jovem país.
Para um homem viver não necessita de dinheiro,
Não é o dinheiro que faz a vida do meu povo andar,
É o alimento que passa desta linha enferrujada que alimenta o sonho do meu grande país.
A pobreza que hoje temos nasceu no momento em que não levantamos as mãos aos nossos pobres irmãos e nos mantivemos sólidos, cegos e surdos.
Mas os meus irmãos não baixam a cabeça, eles nunca desistem. O meu povo levanta e caminha para um futuro por ele construído.
Eu vou, mas esta linha-férrea ficará para sempre neste lugar e na vida dos meus irmãos moçambicanos.

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