quarta-feira, 26 de março de 2008

Carta de um ateu


Viemos ao mundo para sermos uma família. Na base disto está a nossa
união. Tudo o quanto fazemos precisamos no fundo da alma da vossa
consideração. Não viemos para vivermos separadamente, não fomos feitos
para odiarmo-nos uns aos outros. Eu sou homem e sinto na carne o
sofrimento de outrem e sua necessidade. Eu sei que todos precisamos de
algo melhor para termos a quem depositar os sentimentos. Nós a
humanidade precisamos de um pai para chorarmos o nosso fracasso, um pai
que seja fonte de esperança, um pai em que nós em que nos possamos
confessar dos nossos erros e que seja um um conselheiro, é claro,
sentimos essa necessidade. Mas, no meio de tudo isto, nos esquecemos
que temos irmãos, de carne e sangue como nós e desprezamo-los porque
queremos algo melhor que nós mesmos. Irmãos, nós nascemos assim, mas
essa ausência que sentimos não pode ser motivo para inventarmos um
pai, que acima de tudo é poderoso e cheio de maravilhas! Não. Essa não
foi a melhor solução, criamos ilusões e fantasias que criam atropelos
a nós mesmos. Separamo-nos uns dos outros e criamos leis para não nos
juntarmos e enfim, acabo-nos com nós próprios. A falta de um pai pode
ser substituído pelo amor do nosso irmão, pelo carinho das crianças.
Acreditamos nas imaginações dos outros e nos distanciamos da
realidade, realidade que podíamos mudar com a força do pensamento e do
saber. Por nos preocuparmos em arranjar um pai super-poderoso não
temos que o mundo se divide, se depredaçã, homens matam homens e
sangue escorre como um rio. Eu quero o bem, tanto para si como para
mim, a minha carta não é para dividir e sim para unir, juntar o que
durante séculos esteve separado devido a crença, crença que não chega
a resolver sequer o mais pequeno dos problemas. Para mudarmos a
situação do mundo, antes temos que mudar a maneira de pensar e de ver
as coisas. A lógica e o raciocínio são dois bens preciosos.