quarta-feira, 26 de março de 2008

Carta de um ateu


Viemos ao mundo para sermos uma família. Na base disto está a nossa
união. Tudo o quanto fazemos precisamos no fundo da alma da vossa
consideração. Não viemos para vivermos separadamente, não fomos feitos
para odiarmo-nos uns aos outros. Eu sou homem e sinto na carne o
sofrimento de outrem e sua necessidade. Eu sei que todos precisamos de
algo melhor para termos a quem depositar os sentimentos. Nós a
humanidade precisamos de um pai para chorarmos o nosso fracasso, um pai
que seja fonte de esperança, um pai em que nós em que nos possamos
confessar dos nossos erros e que seja um um conselheiro, é claro,
sentimos essa necessidade. Mas, no meio de tudo isto, nos esquecemos
que temos irmãos, de carne e sangue como nós e desprezamo-los porque
queremos algo melhor que nós mesmos. Irmãos, nós nascemos assim, mas
essa ausência que sentimos não pode ser motivo para inventarmos um
pai, que acima de tudo é poderoso e cheio de maravilhas! Não. Essa não
foi a melhor solução, criamos ilusões e fantasias que criam atropelos
a nós mesmos. Separamo-nos uns dos outros e criamos leis para não nos
juntarmos e enfim, acabo-nos com nós próprios. A falta de um pai pode
ser substituído pelo amor do nosso irmão, pelo carinho das crianças.
Acreditamos nas imaginações dos outros e nos distanciamos da
realidade, realidade que podíamos mudar com a força do pensamento e do
saber. Por nos preocuparmos em arranjar um pai super-poderoso não
temos que o mundo se divide, se depredaçã, homens matam homens e
sangue escorre como um rio. Eu quero o bem, tanto para si como para
mim, a minha carta não é para dividir e sim para unir, juntar o que
durante séculos esteve separado devido a crença, crença que não chega
a resolver sequer o mais pequeno dos problemas. Para mudarmos a
situação do mundo, antes temos que mudar a maneira de pensar e de ver
as coisas. A lógica e o raciocínio são dois bens preciosos.

24 comentários:

Nelson disse...

Oi o teu comment no blog do velho Serra me trouxe até aki. Desejo-te sucessos.

Nelson disse...

Ai se eu fosse ateu
Talves desvendasse os segredos do céu
E entendesse porque não somos uma família
Porque vivemos separadamente
Nos odiando uns aos outros
Se eu fosse ateu negava a existência dum pai
Que me quisesse usurpar a grandeza
Se eu fosse ateu deixava de viver de ilusões
Nunca teria essa fome de entender o sentido da viva
Se eu fosse ateu Deus do céu não existiria
E não teria eu em quem culpar pelos males do meu mundo
Eu me firmaria em tudo que fosse concreto fosse real
Se eu fosse ateu talvés resolvesse o problema do mundo.

Tomás Queface disse...

Mas nós temos esse poder. O poder de tentar desvendar o segredo do Céu, temos o poder de entender porquê não somos uma família, só é grande quem não tem superior e devemos deixar logo essa vida de ilusões, "céu", "paraíso", "inferno", "fé", "pecado", "bênção", "maldição", tudo isso não faz parte da nossa realidade, não é da nossa natureza. Nós podemos resolver os problemas do mundo, basta abrirmos a nossa mente e ver o que é importante. Nós somos poderosos. Valeu pelo comentário Nelson.

Nelson disse...

"Mas nós temos esse poder"
Talvés fosse melhor não tê-lo pois o tanto de problemas que vejo no mundo não devem ser mais do que o uso desregrado desse poder. Desvendamos os segredos dos céus e até chegamos à lua mas ao coração que levamos bem dentro de nós nunca fomos. Tentamos entender porquê não somos uma família e mesmo quando podemos ser, temos tudo para ser, escolhemos não ser, justamente para podermos livremente exercitar o nosso poder.
"só é grande quem não tem superior" todos temos superiores, todos temos inferiores. Sendo assim ninguém é grande ninguém é pequeno e tecnicamente não existimos.
"tudo isso não faz parte da nossa realidade, não é da nossa natureza" Qual é nossa realidade nossa natureza? quem/ oque determina nossa realidade? Esse quem/oque que determina nossa realidade/natureza, seja lá oque for, é superior a nós.
"Nós podemos resolver os problemas do mundo" Podemos sim mas será que queremos?
Querem os ricos que deixe de existir pobres? E se querem, querem sinceiramente? Querem os grandes que não haja mais pequenos?

"basta abrirmos a nossa mente e ver o que é importante"
E oque é importante nessa relatividade desastrosa que o individualismo cria?
Para ti o importante é o bem estar da humanidade? Para mim é ganhar dinheiro. Para si é estudar e desvendar os segredos do céu? Para mim é subornar os docentes e no final ter o mesmo diploma que o seu. E dai? Oque é mais importante?

Ai tomara fosse assim tão simples resolver os problemas do mundo. bastasse apenas...

Thanks pelo comentário deixado no meu blog perguntas divinas.... leio e comento ele mais logo assim que voltar da faculdade onde ando tentando desvendar os segredos dos céus.
Abraço forte.

Tomás Queface disse...

Impressionante discurso Nelson. Espero um dia alcançar a sua maneira de pensar. Muito inteligente a sua maneira de falar. Agora vejo que não é tão simples mudar a humanidade, mas também não é difícil. Cada pessoa pensa de modo a proteger os seus interesses e logo faz com que a humanidade seja individualista. O que é importante? Penso numa família e vejo que o objectivo central é o bem estar de todos. Assim pode ser a com a humanidade, todos viverem dignamente. Mas pergunto como alcançarmos esse objectivo? Reeducar a população mundial? Acho difícil. Tem de haver uma forma. Tem uma sugestão?

Nelson disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nelson disse...

"Impressionante discurso Nelson"
Elogio acredito. Por isso o meu muito obrigado.
"Espero um dia alcançar a sua maneira de pensar"
Que maneira de pensar? Há que defeni-la. Do resto dizem que "where ther is a will there is a way"

"O que é importante? Penso numa família e vejo que o objectivo central é o bem estar de todos"
Até aqui podes pensar ter resolvido o problema mas se te pedisse a definição de "bem estar" ai voltavamos para a estaca Zero. Para si o bem estar se resume em alimentação, vestuário, abrigos condignos. Para mim pode involver muito mais oque já nos pode pôr em duas margens diferentes do mesmo rio.
Teriamos que discutir as necessidades da humanidade e como satisfazê-las. Em que proporção?

"Mas pergunto como alcançarmos esse objectivo" Será que queremos alcansá-lo? E querendo será que queremos da mesma forma? "Reeducar a população mundial?" Teriamos que reformar a mentalidade e concordo contigo que é algo dificil.

"Tem de haver uma forma. Tem uma sugestão"
É muita esperança por tua parte e isso é bastante encourajador. Mas eu prefiro sair a rua fazendo perguntas do que dando respostas.
Sugestão? Vamos procurá-la juntos Tomás.


Abraços
Nelson

Tomás Queface disse...

Com certeza Nelson. Eu acredito que fazendo perguntas seja o caminho para encontrarmos as respostas que procuramos. O bem estar da população mundial poderia ser, por exemplo, cada pessoa ter garantia de transporte, alimentação, emprego e saúde. Pelo menos o mínimo, isso que chamaria de bem estar. Traçado este objectivo, qual será o próximo passo? Indo a rua e perguntando as pessoas seria trabalhoso demais, mas fácil seria reunir cinco cabeças frescas e sentarem-se numa mesa e discutirem-se idéias... Eu acredito que nós somos capazes de mudar a situação de vida actual dos moçambicanos, por isso repito mais uma vez, nós temos esse poder. Mas o problema, como o sr. Disse é o uso desse poder para outros fins... Admiro a sua maneira filosófica de responder...

Nelson disse...

A complexidade na solução dos problemas do mundo está na diversidade de entendimentos.
"O bem estar da população mundial poderia ser, por exemplo, cada pessoa ter garantia de transporte, alimentação, emprego e saúde"
Essa é uma forma simples e geral demais, pois na realidade, dada as diferenças, seremos forçados a quantificar esses itens(transporte, alimentação, emprego e saúde). Eu me sinto bem em andar num toyota simples mas você precisa ter um Mercedes Bens para se sentir dentro de um caro. Só para dar um exemplo. Nem vale a pena falar de emprego. O problema surgiria logo no processo de traçar os objectivos. Acomodar as diferenças não seria tarefa fácil.
As cabeças frescas a reunir seriam uma fonte de muitos conflitos.

"Eu acredito que nós somos capazes de mudar a situação de vida actual dos moçambicanos"
Vamos analisar essa tua problemática frase!
Sublinho Nós(que somos capazes) e Moçambicanos(com situação de vida por mudar)

Nós e Moçambicanos devia se referir ao mesmo grupo mas parece que consciente ou inconscientemente pretendes separar os dois. Fica-se com a impressão de que os moçambicanos tem problemas e "nós"(não tenho certeza a quem te referes)somos capazes de mudar...resolver esse problema. A realidade porém manda dizer que eu sou Moçambicano. E sou parte dos problemas Moçambicanos. Se sou parte da causa dos problemas moçambicanos posso e devo ser parte da solução.

Já vi esse raciocínio em outras ocasiões. Fala-se da sociedade por exemplo, como se se tratasse duma realidade totalmente desassociada de nós. Fala-se de males no mundo, como se se referisse a um planeta lá fora que podiamos destruir bastasse vontade e poder. Mas Moçambicanos somos nós, sociedade sou eu, o mal do mundo é essa minha falta de controlo. Esse pensamento que toda mulher é para levar á cama. O mal não está sei la onde... está bem dentro de nós. Acabar com o mal na forma como muitas vezes exigimos à Deus significaria ele acabar com a gente ou no minimo acabar com as nossas liberdade que aliás dá no mesmo...deixamos de ser seres viventes.
Ter um poder ainda não nos dá o direito de usá-lo. Ter um poder ainda não nos dá a sabedoria de usá-lo. Ter um poder ainda não dá a vontade de usá-lo. Podemos até ter esse poder mas será que devemos usá-lo? Sabemos usá-lo? Queremos usá-lo?

Tomás Queface disse...

Claramente, fazemos parte de Moçambique e logo somos moçambicanos. Tinha de dizer simplesmente "os nossos problemas" assim como não dizer que o planeta está em conflitos mas fica dizer "o nosso planeta está em conflito", nestes dois exemplos sentimos o peso da nossa responsabilidade. Aquele dito foi inconscientemente, mas consciente, é uma maneira habitual de falar, mas me considero um moçambicano. Tenho verificado um mal, mal que surge discretamente na nossa sociedade, é o facto do comportamento das mulheres (particularmente as moças). O senhor deve se encontrar em Sofala e não sei se acontece o mesmo como aqui na capital. O que tenho verificado é o comportamento demasiado liberal que os país dessas moças cedem as filhas. Isso gera em muitos problemas tais como: o desrespeito pela ética moçambicana, o desvio da moral, falam de sexo como se falassem de coisa comum, saem ou voltam a casa às altas horas da noite. Resumiodo o comportamento é desastroso que é normal uma moça ter 7 namorados de uma vez só. Conti>

Tomás Queface disse...

Esse mal que principia como se pode combater? No meu estudo pessoal constatei que as novelas são um factos primordial para esse comportamento. Diversas vezes falei desse assunto no jornal com vista a eliminar as novelas no período da tarde mínimo, mas parece se quis ouvir. Eu penso que se não eliminarmos, nós, a sociedade, esse comportamento iremos sofrer graves consequências futuramente. Como o senhor acha que poderíamos resolver esse mal antes que se torne gravíssimo para a nossa sociedade?

Nelson disse...

Ora viva Tomás.
Vamos começar pelo tratamento. Está na hora de chegarmos um pouco mais junto um do outro. Tenho 34 anos, solteiro, assistente de gestão dum projecto social(cuidado de orfãos e idosos) co-financiado pela Dorcas Aid e Igreja Assembleia de Deus. Sou estudante do curso de Inglês na faculdade de línguas da UP delegação da Beira.
Peço encarecidamente que pare de me tratar por senhor embora pela minha idade(nem conheço a sua) eu mereça este estatuto e pela tua boa educação te obrigue à isso.

"Tenho verificado um mal, mal que surge discretamente na nossa sociedade"
Esse mal surge não só discretamente mas subtilmente pois as suas causas são várias e algumas mal podemos acreditar. O comportamento das mulheres pode ser o mais notório, mas se alarga aos homens. Todas as idades.
E não tem Beira, não tem Maputo. Vive-se isso à todo o canto.

Esse liberarismo que tem verificado pode ter raizes nas questões que já discutimos antes. O poder/liberdade que cada um tem de decidir a sua própria vida. A relatividade do pensamento. Relatividade moral. "o corpo é meu e faço dele oque bem entender". " a vida é minha e danem-se os valores morais"
Agora culpar só as novelas, culpar só os pais, e fazê-lo de forma precipitada, é querer "andar na chuva sem se molhar"

Pense comigo. Trabalho das 7.30 as 15.30. Das 18.15 às 22.25 estou na faculdade. Nos sábados estou em grupos de estudo. Isso quer dizer que se eu fosse casado, com filhos, só poderia estar com eles aos Domingos. Nem com a minha esposa eles estariam ao longo da semana pois ela teria provavelmente uma rotina(trabalho faculdade) igual à minha. É sozinhas que as minhas filhinhas consumiriam oque se produz de música, clips, novelas e passa pelas nossas televisões. Sozinhas sem ninguém maduro capaz de lhes ajudar a "mastigar" interpretar oque passa pela tv. Se eu estivesse do lado delas, se eu visse esses programas com elas. Podiam até ser uma fonte de lições educativas.
Tenho então que largar faculdade para vir ver o "pé na Jaca" com os meus filhos? A resposta é não! Então oque faço? Não sei!
Eliminamos as novelas? Eliminamos as músicas, os clips que só trazem nudez? Eliminamos as musicas que só falam de sexo... relação homem mulher? Eliminamos a arte? Eliminamos a juventude? Eliminamos a vida?
As consequências não são assim tão futuras quanto gostaríamos que fossem. Já vivemos os resultados da falta de moral na sociedade. A falta de respeito pela vida que se espelha nos linchamentos é um exemplo. A questão do trafico de garotas é outro exemplo que vale a pena mencionar.

"Como o senhor acha que poderíamos resolver esse mal antes que se torne gravíssimo para a nossa sociedade"

Se perguntasses isso a um cristão desses que andam por ai te diria o seguinte:
"Vem para Igreja e se torna cristão, tudo fica resolvido" e esse seria uma forma simplista de ver o problema.
Mas eu sou mais cuidadoso. Já vi "atrocidades" dessas acontecendo em lares ditos cristãos.
Olha, a história humana é progressiva. Não podemos nem devemos voltar a viver no passado. Onde não tínhamos carros, televisão, internet, celular e por ai em diante. Temos que aprender é a conviver com esses meios e tirar o maior proveito delas enquanto ao mesmo tempo minimizamos os riscos que nos podem causar. Fazendo uso da internet por exemplo estamos aqui trocando ideias. Ideias boas diga-se de passagem. Mas há quem fazendo uso da mesma internet(recebi um email essa manha) violou a segurança dum site de poesia(poetas trabalhando) onde sou membro e destruiu o banco de dados.
Eu já estou fazendo a minha parte.
Voltei à origem da vida, origem do homem e procurei entender a partir de lá. Acreditei que fui criado e não evoluí do nada. Admitindo a possibilidade de estar certo, acreditei que deve existir algum motivo pelo qual fui criado. Porque eu existo? Existindo algum motivo pelo qual fui criado, devem existir com certeza "guidelines" que me ajudem a chegar lá. Vamos procurar isso juntos se quiseres?
Lembre-se que podemos não conseguir mudar o mundo. Mas se mudarmos a nós mesmo já é um passo significativo. Da próxima te conta a história do pica pau.

Tomás Queface disse...

Boas falas. Eu sou Tomás Daniel, sou estudante secundário e tenho 18 anos. É com muito gosto quando contigo (se me permite a expressão). Bem, a partir desse ponto "o corpo é meu e faço dele o que bem entendo". Primeiramente, qualquer criança lhe é atribuída uma certa educação, tal que vai aprender os costumes e regras durante uma determinada idade, mas a partir do momento que ela se torna livre ela tem o direito de fazer o que quer mas dentro dos costumes que lhe foi imposto. Quando uma pessoa lhe é atribuída uma certa natureza, dificilmente ou por diversas circunstâncias ela não se desgarra dessa natureza. Mas se ela faz coisas fora do normal, dou exemplo de "prostituição", a está pessoa eu digo que não teve nenhuma educação, pois se teve, ia encontrar outro método de realizar os seus intentos sem se prostituir. O linchamento é outro e grande problema. Ninguém resolve o mal pelo mal, o mal continua sobrevivendo. Se a população queima um dos seus filhos, que saiu da sua casa, então esse filho não recebeu bem

Tomás Queface disse...

Continuando, esse filho não recebeu bem a educação adequada, a culpa é da população. No ano passado vi coisas incríveis na igreja, apenas numa missa composta por jovens da faixa etária que eu, surpreendentemente vi em frente da igreja um casal de jovens a esfregarem logo depois de assistirem a missa... Coisas que me interrogam... Quanto ao vosso site, sinto muito pelo sucedido, isto é feito por jovens que adquirem conhecimentos não pra contruir, mas para destruir e rir se da miséria dos outros. São os "crackers". Eles possuem librios conhecimentos em linguagem unix, C+, linux e de programação, html e mais alguns. Depois irei dar umas dicas de como se proteger deles. Se existem motivos porquê fomos criados, é nossa responsabilidade descobrimo-los. Vamos em frente...

Nelson disse...

Olha Tomás, ter uma educação não significa/garante necessariamente poder usá-la. Quantas vezes vemos discursos bonitos saindo de bocas de pessoas que claramente sabemos não terem nada o var com oque dizem?
"faz coisas fora do normal"
Oque é normal? Oque todo mundo faz? Oque muitos fazem? Ou encontraremos algum padrão? Algum instrumento normativo?
Uma pessoa pode se ver por diversas razões obrigada a se prostituir e isso não pode nem deve automaticamente significar que não tenho sido educada.
O linchamento é outro e grande "Ninguém resolve o mal pelo mal" Donde você trouxe esse princípio?
Blogger Tomas Daniel disse...

O exemplo da missa reforça a minha tese segundo a qual ter educação não significa usá-la.
"Se existem motivos porquê fomos criados, é nossa responsabilidade descobrimo-los" teríamos primeiro que acreditar que fomos criados e não existimos do nada. Dai pensaríamos em quem nos criou e só depois desagoariamos em "porque nos criou". Quais são os motivos.

Tomás Queface disse...

O princípio do mal pelo mal é um foi princípio elaborado espontaneamente. Concordo contigo, para procurarmos os motivos porquê fomos criados, antes devemos saber se fomos ou não criados e por quem. Normal é um estado habitual de uma certa coisa, quando digo "fazer coisas fora do normal" é mesmo que fazer coisas que não são do nosso hábito, não da nossa natureza. A nossa natureza são os princípios e as limites que determinam a nossa maneira de viver. "primeiro teríamos de acreditar que fomos criados" eu acho que não é preciso acreditar para descobrir os motivos, penso que devemos usar o nosso raciocínio para destituir ou atribuir existência a esse criador. Acreditar simplesmente, limitamo-nos a muita coisa.

Nelson disse...

"Normal é um estado habitual de uma certa coisa"
O estado habitual não deve significar estado correcto. Se todo mundo cai na prostituição, a prostituição se torna algo habitual(normal) mas nem por isso é correcta. O consumo da canabis é habitual(normal) entre comunidades rastafari jamaicanas, nem por isso deixa de ser prejudicial.
Do mesmo modo fazer algo extraordinário, "fora do normal" não significa necessariamente estar errado. A castidade por exemplo é algo raro nos dias que correm e podes até ser ridicularizado.
"A nossa natureza são os princípios e as limites que determinam a nossa maneira de viver"
Nossa maneira de viver nós é que determinamos de acordo com as escolhas que fazemos. Como usamos as liberdades, poderes, oportunidades que a vida nos oferece.
"primeiro teríamos de acreditar que fomos criados"
"Acreditar" é uma palavra que importei dos meios cristãos e entendo a dificuldade que ela pode criar. Vamos substitui-la por "admitir". É que temos que partir de algum ponto. Do nada não podemos nem devemos. A nossa origem é determinante. Sabias que as filosofias extremistas de Hitler tinham fundamento na teoria de evolução de Darwin? É fulcral ter uma boa base sobre nossa origem.
Diante dum edificio poderiamos usar de certa pericia e descobrirmos os motivos de ter sido construido, mas muito mais simples e seguro seria consultar o projectista o construtor.
"Acreditar simplesmente, limita-nos a muita coisa" Vou querer exemplo das limitações que o acreditar pode nos causar.

Tomás Queface disse...

Quando acreditamos numa certa coisa ou alguém, ao mesmo tempo tiramos todas as hipóteses e distanciamo-nos da verdade, se está existir. Um exemplo: "A tua mulher pode sair na sua ausência com desculpas de querer rever os país, mas ao meio do caminho se desviar para um amante, ao regressar a casa, tu perguntas onde esteve, ela dizer que estáve com os país, logo você irá acreditar, porque a ama". Vê quanta limitação nos deixa o facto de simplesmente "acreditar"? Podemos acreditar que debaixo da água existe um reino, que os animais são deuses, que acima do céu existe outro mundo. Acreditar é a origem dos mitos mas nos não queremos mitos, mas sim verdades. Posto isto, o "acreditar" nos impede de conhecermos a verdade.

Nelson disse...

"Quando acreditamos numa certa coisa ou alguém, ao mesmo tempo tiramos todas as hipóteses e distanciamo-nos da verdade"
Esse afirmação me parece problemática, pois para mim uma coisa não tem nada a ver com outra. Eu por exemplo acredito que Deus existe mas esse facto não me tem impedido de questionar oque acho questionável e pesquisar oque acho alcançável. Troco ideias, escuto opniões contrários aos cristãos e só saio a ganhar porque o meu pensamento em relação à existência de Deus se torna sólido consistente e inabalável. Não tenho medo nem vergonha de trocar opniões seja lá com quem for. O exemplo de mulher que você usa é para mimmuito difícil. Temos que partir de alguma parte. Do que as pessoas nos dizem. Há nessa vida questões que não se podem pôr num "tudo de ensaio" não tens como provar por A mais B como gostamos de fazer. Há questões nessa vida em que se precisa de espirito aventureiro. Partir para o mato sem saber oque te espeara para depois descobrir tudo lá. Há que existir alguma espécie de evidência para "acreditarmos" seja lá no que for. Os mitos não surgiram do acreditar como muitos erradamente pensam. Nasceram isso sim duma "sede" de intrerpretar os fenómenos que rodeavam os nossos antepassados. Eram pessoas que tinham muitas perguntas e não achavam respostas que deram origem aos mitos. Uma tentativa de explicar os fenómenos. No fundo foi falta de humildade no homem. Levamos a mania de que como seres superiores que somos temos que ter respostas para tudo e quando não temos respostas inventamos algumas de acordo com nossas limitações. Foi assim que os mitos nasceram. A sua sobrevivência sim pode-se culpar a falta desse espírito de questionar. Acreditar é uma boa base por que dai buscamos provas para oque acreditamos. Procuramos fundamentar. Não basta(como os ateus fazem)acreditar que Deus não exista. Há que explicar essa não existência e não de forma grossa, violenta e desmiolada como tenho visto alguns a fazer, mas usando o racional de forma mais pacífica possível.

Um abraço meu irmão.
P.s: Viajo à Inhaminga donde não poderei escrever(não tenho acesso à internet lá). Deixei meu contacto telefónico no teu email e sinta-se livre em me contactar se houver necessidade.

Tomás Queface disse...

Tudo bem mano. Boa viagem para si, e foi agradável o nosso diálogo. Te espero para novas conversas e óptima estadia em Inhambane. Abraço!

Nelson disse...

Voltei! Assim que poder dou uns comments nos comments que deixou lá no meu sitio e reiniciamos o papo...
Abraços
Nleson

Nelson disse...

Deixei no "perguntas para Deus" uma nova postagem baseada nos comentários que deixaste à postagem anterior. Vale a pena conferir.

Anônimo disse...

A ideia da superioridade moral que nos orienta (DEUS) não é estritamente necessária uma conduta de vida boa, para com os outros, para com nos mesmos. Mas não confudamos ateísmo com cepticismo. Eu, tu e outros como nós, acreditamos em alguma coisa, e isso ninguém pode negar. Nos acreditamos no Homem, como ser unicamente superior e colectivo, capaz de criar, avaliar, criticas, descobrir, fundamentar e oferecer. O Homem, precisa de uma família, sem dúvida. O Homem é um ser social, sem o fundamento social da nossa existência seriamos meros animais irracionais levados ao sabor do vento. Mas nós somos mais que isso, nós, humanidade, somos uma força capaz de amar, de aconselhar, de partilhar e de ser feliz. Nos, Humanidade, temos todas as condições para mudar isto. Mas a Humanidade não é perfeita… Mas para a aperfeiçoarmos, para apreciarmos a nossa família, cá está a nossa consciência pronta a reprimirmo-nos. Eu acredito que a força da nossa consciência é a melhor arma para nos auto aperfeiçoar-mos. Através dela eu pretendo ser melhor, e assim construir uma família mais justa. Não estou muito inspirado mas já fica uma ideia.
Um abraço e obrigado pelo teu comentário
João Mineiro

carpe vitam! disse...

Bem, que belas discussões! Gostei de ler, creio que não tenho nada a acrescentar, apenas reforçar que o conceito de DEUS não tem necessariamente que ser o de um "pai". Eu vejo-o como uma entidade criadora com imenso sentido de humor que gosta de observar as suas criações. Depois como já aqui foi dito, ninguém consegue viver sem acreditar em alguma coisa, não me parece que isso seja uma impossibilidade para compreender a verdade. "A VERDADE ÉS TU. O que mais se segue já não interessa à conversa. Excepto para demonstrares essa verdade em movimento de recuo". Vergílio Ferreira